segunda-feira, 8 de abril de 2013

13 Quando a vida te da uma maquina de costura e você não sabe costurar

imagem via SJC


Votando no tempo: meu pai vendeu o mercado no final do ano passado, eu trabalhava com ele nos últimos 10 anos (ou pra ele), depois da venda do mercado eu meio que virei 'doméstica' dos meus pais, mas sem carteira assinada, sem salário fixo... o que não era muito diferente do tempo que eu trabalhei no mercado, só que no mercado eu sabia quanto ia ganhar no final do mês, mas ao perder o emprego, o que eu tinha de dinheiro guardado foi saindo e nada entrando. Sim, por enquanto eu não tenho que me preocupar com aluguel nem com conta de luz...mas a vida não é feita só dos gastos básicos; tem o celular para carregar, o DVD do fim de semana, a compra do mercado, o absorvente na farmácia, os chocolates da Cacau Show...

Tempo atual: Problema é que emprego tá difícil pra todo mundo e em cidade do interior as oportunidades parecem ainda mais escassas e se a gente não tem uma especialização então... Trabalhar no comércio podia ser uma possibilidade, visto que eu tenho prática, mas não tenho experiência comprovada em carteira. Além do que não ter 20 anos e ser obesa não ajuda muito, é fato. E os trabalhos que exerci antes quando morei na Bahia e no Rio de Janeiro, como babá e cozinheira, também não são atividades que eu gostaria de voltar a exercer... É uma fase da minha vida que passou.

Quem sabe se quando tivesse começado a blogar eu tivesse investido num blog de maquiagem ou moda eu não conseguisse uma fonte de renda como blogueira? E meus talentos naturais também não ajudam muito para que eu viva deles já que eu sou uma pessoa do texto, da opinião ( mas quando não se é jornalista, escritor ou roteirista isso não ajuda muito) e também acho que essa é uma opção baseada mais na vontade do que no talento, então descartei... 

E lá se foram dias pensando nas possibilidades de trabalho que me rendessem dinheiro e não só cansaço e que eu pudesse fazer em casa. E tirando aquilo...aquele outro e algumas outras opções, eu acabei acreditando que costurar (para trabalhar com artesanato, patchwork) e fazer crochê podiam ser opções porque eu não dependeria de encontrar alguém que me desse a oportunidade do emprego e artesanato hoje em dia é super valorizado, além do que eu poderia começar a testar os meus produtos mostrando e vendendo para as clientes da minha mãe que é massoterapeuta e talvez pela internet...problema é que eu não sabia nem costurar e nem fazer crochê quando tomei essa decisão!

Quando eu era menina nunca quis aprender a costurar nem fazer crochê (eu gostava de dançar, de cantar, de escrever poesia), mas havia muitas mulheres querendo me ensinar a ser uma moça prendada, hoje que eu preciso aprender, cadê? Mas encontrei uma senhorinha que aceitou me ensinar (10 reais a hora). Ela é costureira antiga e, dizem, das boas. 

Problema de máquina antiga é acertar o 'tempo do pé' no pedal(?)...A professora aí costura que é uma beleza, já eu  - meu pé e a máquina não fizeram amizade, é fato :)

E com ela descobri o 'clube das mães'. Os Clube das Mães existem em vários bairros (e em várias  cidades) e la é possível aprender vagonite (que eu não fazia ideia do que era), pintura em tecido, trico e...crochê! E lá fui eu com ela para o tal clube das mães (só pra constar: apesar do nome do clube, você não precisa ser mãe para participar. E as aulas são de graça. E a maioria dos materiais são fornecidos por eles - menos agulha que o povo carrega -. Em trabalhos como vagonite, crochê e pintura em tecido, a cada três trabalhos realizados o clube fica com dois e você com um. Como eles ensinam de graça e o tecido, linhas e tintas são fornecidos por eles, acho justo. Mas se você quiser pode fazer com o seu material e aí tudo o que você produz, fica para você.
Os clubes são mantidos pela prefeitura que também fornece 'lanche', pensou em sanduíche? Que nada, está mais para uma panelada de macarrão com frango que é feito na hora por uma cozinheira voluntária!

Mas apesar de várias das voluntárias ensinarem o que sabem, pouca gente se interessa e praticamente ninguém jovem. E quantas garotas ( e rapazes) não podiam faturar uma grana nas escolas e faculdades  fazendo e depois vendendo bolsas, cadernos personalizados, roupas customizadas e olha aí dona de casa que aprender a bordar, mesmo que um simples pano de prato, pode render mais dinheiro no final do mês do que o bolsa família.

Sim, temos que levar em conta os tais 'não gosto, não levo jeito, não tenho paciência...´', são frases que eu conheço bem, já usei todas elas. Mas hoje me dou conta de que passei tantos anos trabalhando para os outros em serviços que eu não gostava, tendo paciência com quem merecia um soco na cara... Quanta gente não vive essa mesma vida por anos? Infelizmente nos acomodamos e fazemos isso por tanto tempo que no fim nem nos damos conta de que existem outras possibilidades; é quase como sair de casa para ir a algum lugar que vamos sempre e nem se dar conta do trajeto que fizemos até chegar lá. É como se tivéssemos estado o tempo todo ligado no automático. E viver a vida no automático é perder anos de existência...

Tomar a decisão de aprender a costurar, pra mim, foi meio que desligar esse automático do que eu acho que a vida deveria me dar e ir buscar o que eu puder criar nela. 

Se esse novo rumo que a minha vida tomou me deixa feliz? Digamos que ainda ter ânimo de tentar algo diferente ao invés de ficar choramingando pelos sonhos não realizados e deprimida porque eu sei que merecia mais da vida do que ela me deu, já me parece algo bom. 

Por muito menos tem gente que se droga, se suicida, enche a cara ou se vinga nos outros.... não estar entre essas pessoas já me deixa feliz. 

Continua... com os passos práticos dessa nova fase da vida!


*********


13 comentários:

  1. Eu sempre gostei de trabalhos manuais. Pinturas, tricot, patchwork, quilts etc etc. Atualmente nao faço nada e so curto o meu piano. Mas vai em frente que costurar e brincar com a imaginacao nas agulhas e tecidos, vale por uma viagem maravilhosa.
    Parabens!!!!

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    1. Sonho Meu isso que é mulher prendada...e aposto que ainda manda bem na cozinha...

      Saber tocar piano já foi um dos sonhos na minha vida, mas troquei pelo violão porque era um instrumento mais barato e mais fácil de carregar :)

      Mas no fim não aprendi nenhum nem outro :(

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  2. Oi menina, eu me identifiquei um poucão com tudo que você disse.
    Quando criança vi minha mãe costurar, e nunca quis aprender, achava que não tinha jeito.
    Tentei aprender croche, só fui na primeira aula.
    Hoje em dia estou louca pra aprender os 2, acho que croche vou tentar pela internet, costura preciso descobri um lugar que funcione aos sábados.
    Também estou desempregada, e no fundo não sei bem se gosto do que faço, sou ótima profissional, mas tenho sido muito mau remunerada pela quantidade de serviço que faço, aí vem a pergunta, será que vale à pena? Será que vale a pena me especializar em algo que não sei o que sinto? achava que amava contabilidade, hoje tenho dúvidas.
    Mas, as coisas hão de melhorar, você já deu um impulso na sua vida, e isso é muito importante.
    Desejo que sejas muito feliz, que
    Deus te abençoe.
    Beijão

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    1. Jack minha mãe sempre foi prendada na arte da costura e do crochê, problema em aprender com ela é que nunca se era boa o suficiente pra ela elogiar.
      Aí, já viu... não dava pra brigar com ela, briguei com a máquina e as agulhas rs

      Pra aprender crochê na internet tem um vídeos ótimos, bem didáticos no youtube, se vc não encontrar um que realmente te ajude me fala que eu te passo os links dos que eu curti.

      Eu achei a costureira aqui perto...só que só consegui ter duas aulas, nas outras ou a neta dela não foi pra escola ou ela tem que sair, o jeito é ter paciência. Dizem que as escolas do trabalhador costumam (tem em muitas cidades, creio que nas prefeituras eles informam)promovem cursos, inclusive de costura, mas não sei se tem aos sábados

      E sobre se vale a pena...Sinceramente não sei Jack, mas alguma coisa a gente tem que fazer, as vezes a gente vai fazendo o que dá até conseguir fazer o que quer, né não?
      Pelo menos é o que eu espero :)

      Boa sorte pra nós! (e me mantenha informada :)

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  3. Costurar ainda não sei, mas crochê e ponto de cruz eu sei e gosto de fazer. Mas hoje em dia é bem dificil mesmo alguém que queira aprender por aprender. Que bom que vc está correndo atrás de aprender uma nova tarefa. E que goste de fazer. Boa sorte e mostre aqui o resultado!
    Beijos
    Adriana

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    1. Adriana ponto cruz eu fiz uma época, quando era babá...adorava enfeitar toalhinhas de bebê :)

      Fato é que eu não sou muito jeitosa com artesanato, costura...essas coisas em geral, mas acredito que a prática, se não leva a perfeição, pelo menos deixa descente o que se faz

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  4. Parabéns pela dedicação! sei costurar muito pouco, mas trico e crochê já aprendi, adoro!
    traga fotos dos seus trabalhos pra cá!
    beijos

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    1. Priscila saber costurar pouco já é o começo...daí pra frente é só exercitar a coisa...eu ainda to na fase de ter medo de encostar a tesoura no tecido rs

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  5. Nem te conto, sei fazer um monte de trabalhos manuais, mas não sei vender, então não serve de nada.
    Não tenho conhecidos, nem "circulo de amizades". Sem ter jeito de vendedor, os mais lindos quadros artesanais virão presentes, ao invés de renda.

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    1. Lucianaweb então bem vinda ao clube que eu sou uma vendedora tão ruim que não sei vender nem o que eu tenho de bom rs

      Eu praticamente cresci trabalhando em comércio do meu pai, mas fazia coisas como arrumar prateleira, cobrar pela mercadoria, meu pai não gostava nem que conversasse com os fregueses. Então se a pessoa não pegar a mercadoria e me der pra cobrar, dificilmente eu vou vender algo rs

      Sem contar que mesmo nas fotografias (faço montagens, restaurações) eu nunca sei como cobrar.

      É fato, 'vendas' não é outro dos meus pontos forte

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  6. Quando a vida te der uma máquina de costura e você não souber costurar, faça uma limonada. Quando você falou da dificuldade da velocidade do pedal, lembrei do tempo que fazia da máquina da minha mãe um carro, sei bem a travada do pedal.

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  7. Oi Lua! Tempão que não apareço aqui. Adoro teus textos. Parece que tô falando/escutando minha vizinha. Pois é vizinha, como diria minha vó, o homem é um animal de costume. Traduzindo: Temos uma enorme capacidade de adaptação e é nas adversidades que testamos nossas capacidades. Não somos heroínas. Somos sobreviventes. Se não de de um jeito, dá do outro. As vezes quando as oportunidades se apresentam não as aproveitamos porque não percebemos as necessidades. Minha mãe dizia: - Aprende enquanto tô viva! Até hoje percebo ela me puxando as orelhas....Bjim! e sucesso para os novos desafios!

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    1. Pois é vizinha...é verdade, somos um povo de costumes, normalmente de maus costumes, como aquele de acordar cedo pra ir trabalhar para os outros, mas quando a gente devia acordar cedo pra fazer algo por nós, seja um curso, seja dar uma caminhada, cadê o corpo sair da cama?!?

      E sua mãe tá certa, também acho que é necessário e saudável aprender durante toda a vida...e quanto mais cedo melhor, assim quando a gente precisar de um novo rumo vamos ter mais opções ao invés de ficarmos nos perguntando 'e agora, José?!?'

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Quando você colabora com seus pitacos o post deixa de ser um monólogo e passa a ser uma conversa. A blogueira se responsabiliza pelas próprias opiniões, as opiniões alheias são de responsabilidade de quem as escreve. Só lembrando que gente inteligente tem argumentos; a turma que só sabe xingar e ofender só quer confusão. Pode não!

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